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Arquitetos: Studio Frozen Music
- Área: 4923 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Hemant Patil
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Fabricantes: Apollo Steel, Dirk India Pvt Ltd, Essco by Jaquar Group, Infinity French Doors, Jaquar, Johnson Lifts, Kitec, Legrand, Mangalore, Polycab, Prism Johnson Limited
Contexto e briefing do projeto - Inicialmente, o terreno proposto teria aproximadamente uma torre de 10 a 11 andares com 4 unidades residenciais de médio porte por andar e áreas comerciais no térreo. De alguma forma, essa ideia não se desenvolveu e um dos investidores que se dispôs a realizar o projeto, o Sr. Naresh Bhadakwade, solicitou uma solução alternativa que fosse 'esteticamente diferente' (?), sustentável, ligeiramente mais baixa em comparação com a anterior, mas ainda com área construída similar à anterior para manter a proposta comercialmente viável. Com essas demandas, o processo de projeto começou…
Planejamento Arquitetônico - Em comparação com a ideia anterior de 4 apartamentos idênticos por andar, concordamos com um projeto de 6 por andar, também com uma variedade de tamanhos e orientações. Isso significa que, geralmente, um simples tipo de simetria espelhada é encontrada em prédios de apartamentos residenciais na Índia, onde se concentra principalmente um tipo semelhante de cliente. Ou seja, um edifício de unidades com três quartos pode não oferecer um apartamento de um quarto e vice-versa. Esse fenômeno ajuda a promover uma divisão social injusta por meio da arquitetura (bairros isolados). Desta forma, tentamos desafiar essa concepção e oferecer todos os três tipos de tamanhos em um único andar - um quarto, dois quartos e três quartos também. Aqui a intenção era oferecer aos clientes um ambiente construído onde os tamanhos dos apartamentos e seus respectivos preços fossem diferentes, mas o status social e o sentimento de alegria e orgulho de propriedade fossem os mesmos. Esta decisão não só conferiu um caráter mais abrangente ao projeto arquitetônico como se mostrou eficiente no aproveitamento de todo o potencial edificado do terreno, principalmente considerando sua peculiar forma angular.
Repensando a Sustentabilidade e a Materialidade na Habitação - Uma vez confirmada a malha urbanística e estrutural, procurou-se buscar uma linguagem estética que inovadora em seu apelo visual (considerando o contexto local), em sua materialidade e metodologia construtiva. Estávamos certos naquilo que não queríamos - guarda-corpos de vidro, revestimentos de material sintético, formas replicadas de pavimento a pavimento, etc. Em vez disso, nosso esforço foi destacar o caráter eclético da planta baixa também na aparência externa do edifício, expressando com ousadia a estrutura em concreto, revelando a beleza sutil e o potencial estético dos tijolos e do concreto aparente por meio de uma nova composição visual.
Nos prédios residenciais na Índia, geralmente fazemos uma estrutura de concreto reforçado, construímos as paredes internas com tijolos e depois rebocamos e aplicamos tinta. Esta “prática padronizada” foi o nosso tema de debate e nos trouxe a ideia de fazer com que a moldura de concreto e as paredes de tijolo desempenhassem um papel não apenas estrutural, mas também estético. Em nosso estado - Maharashtra - todas as nossas fortalezas nas montanhas são feitas em pedra de basalto e as 'WADAs' (casas) tradicionais são construídas em tijolos vermelhos/pedra. Essas estruturas representam a fusão entre estrutura e estética do material de maneira tão bonita e sustentável. Aqui, o processo de construção e seu resultado estético tornam-se um fenômeno simultâneo. Este é um pensamento inerentemente sustentável, pois economizamos muito na energia incorporada e no processo necessário para a aplicação e refinamento de materiais e superfícies sintéticas, reduzindo esses processos e materiais (desnecessários?). Da mesma forma que alimentos altamente processados são prejudiciais ao corpo humano, nossa obsessão visual e aprovação por superfícies e materiais altamente processados e artificiais em nome da beleza arquitetônica e da modernidade podem não ser considerados uma abordagem sustentável a longo prazo. (Esta, embora seja uma observação pessoal, foi levada em consideração.)
Voltando ao projeto, para a paleta de materiais, "menos é mais" foi o nosso lema. A alvenaria de tijolos vazados foi utilizada tanto pelo seu aspecto estético como pela sua boa qualidade de isolamento. O segundo elemento importante foi o uso de concreto com acabamento das fôrmas. Junto com esses dois materiais - concreto e tijolo - as varandas e os terraços de pé-direito duplo também desempenham um papel funcional e estético igualmente importante. A parede do parapeito é concebida não apenas como uma barreira de segurança, mas como uma "tela" que oferece uma variedade de vistas e pontos de pausa por meio de inúmeras combinações das estruturas de concreto visualmente delicadas. O corrimão no topo passa por essas molduras e as paredes que conformam o parapeito estão constantemente no nível do olho. É uma espécie de estabilizador ocular que corrige e equilibra a crueza e as imperfeições destes dois materiais.
Em termos de pavimentos, não há conjuntos repetidos de combinações dos pórticos de concreto. Essa "estética de ordem caótica (aleatória)" - como as ruas históricas dos antigos bazares na Índia - torna a fachada do edifício visualmente envolvente e curiosa aos olhos do espectador. Quando os moradores estiverem vivendo suas vidas nesses espaços, a fachada se tornará uma “tela ao vivo” com sua vida observada através da rua. Este projeto, desde o planejamento até sua realização, foi uma longa jornada de esforços, altos e baixos, erros e aprendizados. A construção também testemunhou a grande pandemia de COVID e seus consequentes lockdowns. Francamente falando, considerando o contexto local, o gosto estético do mercado e suas limitações financeiras, o projeto foi experimentalmente ambicioso e uma tentativa sincera, humilde e curiosa de apresentar um retrato visual diferente de um edifício residencial na Índia. A ideia central e imagética deste projeto contém algumas referências do passado, mas tenta expressá-las em uma linguagem arquitetônica contemporânea.